quinta-feira, 23 de julho de 2015

Entre dois amores...





Querido pai...

Você já deve estar nas alturas das alturas, por sua leveza. A leveza do corpo, já que nunca passou dos 60 quilos, e a leveza da alma, já que a sua bondade era tanta que chegava a ser visível, a sua bondade se materializava.

Hoje escolhi para você as imagens da estação de trem de suas duas cidades queridas: Ostrowiec, na Polônia, e Nova Friburgo, logo ali. A estação ferroviária de Ostrowiec foi a última paisagem que você viu ao sair da cidade, em 1939, rumo ao Brasil. A estação de Friburgo foi a primeira construção que você viu ao chegar na cidade, em 1953. Pensando bem, as duas estações têm algumas semelhanças; será que foi isso que atraiu você para lá? Ou foi o clima frio? Será que você queria construir uma nova Ostrowiec? Lembro-me que quando você falava da sua cidade natal, você dizia "In der heim", traduzindo, "lá em casa".

Hoje você faria 95 anos. Quero homenageá-lo mencionando algumas coisas que você gostava. Um pé-de-valsa, como se diz, certamente você foi o primeiro professor de dança-de-salão no Brasil, nos anos 40, ou até mesmo, no mundo. Inaugurou a profissão, embora você fosse voluntário nessa atividade. Dançava tango melhor do que Al Pacino. Ouvia Carlos Gardel mais do que qualquer portenho.

Não dá para mencionar tudo, vou deixar outras lembranças para o seu níver 9.6.

Por enquanto, quero lhe agradecer por ter sido meu pai, por ter me ensinado a gostar de música, por ter sido tão bondoso, tão puro, afetivo, otimista, o gosto pela vida, os biribas, atravessar a piscina nadando embaixo d'água depois dos 80,.. uma lista sem fim.

Parabéns, pai, pelos 95. Parabéns por ser tão amado.

 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Parente da terra...




Eu era criança e minha tia me contou que quando a mãe dela morreu - minha tia tinha apenas 14 anos ao ficar órfã de mãe - ela passou a se sentir parente da terra. Ela viu a mãe ser enterrada, e assim, sentiu uma fusão muito grande com a terra, e como ela se expressou muito bem, passou a se sentir parente da terra. Isso nunca saiu da minha lembrança, mas a minha proximidade com esse relato era meramente poética. Achei bonita a ilustração usada pela minha tia, um lindo poema para expressar seu sentimento de amor e de saudade.

O tempo passou, minha tia se foi, meu pai se foi, minha mãe se foi, e somente cinco décadas depois daquele fato vivenciado em criança e após muitas perdas, pude entender na minha própria essência, corpo e alma o que minha tia sentiu aos 14 anos. Hoje eu sei que a descrição utilizada não foi uma figura de linguagem, não foi um recurso literário, mas a própria constatação da realidade no sentido literal da coisa.

Sou parente da terra porque com a terra compartilho pessoas queridas, meu pai e minha mãe, minha mãe querida que hoje completaria 85 anos.

Parabéns, mãe! Se eu soubesse que iria doer tanto, eu teria feito muitas coisas de forma diferente !!!    

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Escrito nas estrelas ?



Hoje fui à aula de yoga em outro horário.  Como o esquema de frequência é livre, neste novo horário eu já conhecia algumas pessoas e outras, não. De repente, enquanto eu alongava, uma pessoa, que logo em seguida fiquei sabendo ser uma das instrutoras, se aproximou de mim e disse que eu fiz o mapa astral dela há uns vinte anos. Disse que eu era "fera" e que havia acertado tudinho, tanto, que ela transcreveu a gravação e guarda até hoje. Percebendo que eu não me lembrava de nada, ela disse que traria a transcrição na próxima aula e que eu, certamente, reconheceria o meu estilo de falar. A moça começou a dar detalhes do local em que a consulta ocorreu, tudo muito familiar. De fato, estudei astrologia e passei por esses lugares, mas não me lembro de ter feito mapa astral. Fiz, sim, algumas tentativas como estágio, mas não gravei nada. A moça foi tão gentil, ela, que é fisioterapeuta, instrutora de yoga e trabalha com astrologia védica, que afirmou ser eu a melhor astróloga que trabalha com a astrologia ocidental. Inclusive, deve ter indicado meu nome algumas vezes. Quando eu disse que não era eu e que eu não sou astróloga, ela disse, é você, sim, vi seu nome na ficha e não existem duas pessoas com o seu nome. Se você não faz mais astrologia, deveria fazer, porque você é "fera" nisso. Fiquei feliz. Ganhei um presente assim, logo de manhã. Agora, preciso ver a transcrição e reconhecer o meu estilo. Quem sabe?